quinta-feira, 22 de março de 2007

E agora?

Que é que se segue? Já fomos ao Kilimanjaro. It's done. Qual é agora o próximo desafio? Confesso que esta viagem mexeu mesmo connosco. Tenho/Temos o cérebro cheio de pontos de interrogação. Talvez seja ainda, a dor do regresso à lufa-lufa do costume, mas o que é certo é que depois de tanta acção, custa pensar numa vida rotineira outra vez. Desculpem a ambição exacerbada, mas se há coisa que me incomoda é mesmo a rotina. O acordar e saber que tudo será igual a ontem iriça-me o pelo dos braços. É que a viver assim podemos ter, é verdade. E se há coisa que nos caracteriza (ocidentais/europeus) é o ter. Ter um ordenado, ter um emprego, ter um carro, ter um chefe, ter stress, ter um ipod... Ter! Mas depois daquilo que vimos, ficamos com o feeling que mais importante do que ter é VIVER! É preciso viver. Estar com as pessoas. Partilhar alegrias e coleccionar mágicos momentos sem fim. Talvez esta seja o maior desafio das nossas vidas, para nosso bem e de todos os que nos rodeiam. Onde estão esses mágicos momentos? Mais uma pergunta. O novo mote para o desenvolvimento deste espaço.

terça-feira, 20 de março de 2007

Triângulo à Escala



Pessoal, aqui está o triâgulo à escala, prometido, desenhado e aprovado pela fantástica Silver. Assinas por baixo Silver? Não o adulterei pois não? :)

E agora um pouco de cultura:

Ao chegar a Siracusa, Pitágoras disse a seus netos
"O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos" (in Wikipédia)

segunda-feira, 19 de março de 2007

Fugas

in Público, Sábado 17 Março 2007

sexta-feira, 16 de março de 2007

Prova Oral


Na passada 4ª Feira, 14.03.2007, o nosso muito escutado e conselheiro João Garcia esteve na Prova Oral da Antena3 a falar do seu novo livro Mais Além. A Liliana não resistiu e conseguiu falar em directo com ele e com o Alvim, desta nossa experiência no Kilimanjaro. Ouçam aqui ou nos podcasts disponíveis no site da Antena3. A Liliana começa a falar +/- ao minuto 40.

Sob a Savana

O balanço não podia ser mais positivo. Fizemos tudo o que planeamos. Tudo. E a última extasiante experiência desta nossa viagem foi simplesmente única: sobrevoamos Maasai Mara num balão de ar quente! Que paz de espírito. Estreantes os dois no balonismo, foi sem dúvida inesquecível, mais uma vez. No dia anterior deitamo-nos já não muito cedo e levantamo-nos às… 4:00AM. Preparativos, viagem, briefing e tudo a postos para decolarmos ainda antes do nascer do sol. Nessa manhã fomos 2 balões, o nosso com 12+1 pessoa no cesto e outro com 16+1. A empresa que faz isto, é de topo e, por isso as mordomias são muitas. Após o demorado enchimento dos balões com ar (frio), a comédia da entrada num cesto deitado, com uma mulher de 150Kg no camarote mesmo por cima de mim, os queimadores aquecem o ar daquele gigante cogumelo de pano. Em poucos minutos estamos na vertical e em pouco mais estamos já despegados do chão. O piloto pede uma salva de palmas para o pessoal assistente que fica em terra e com um silêncio incrível, pontualmente incomodado pelo barulho das labaredas, começamos a ganhar altitude. Com a herança das viagens por terra, guardada ainda bem fresca na memória e no corpo, este movimento sereno sem saltos, abanões, arranques e travagens, parece uma massagem, sem o ser! A aurora já despontou, mas o sol ainda não nasceu. O piloto vai falando do pouco que se vê. A preocupação é ver alguns animais lá de cima. O leopardo pelos vistos é o mais ambicionado de todos. Nós nem fazemos questão, mas o jogo de detective em busca de algo que mexa ali em baixo é engraçado. Vimos alguns animais, mas não muitos. Ficamos a saber que neste meio, pouco se controla para além do movimento vertical. De resto o vento é rei e senhor. Voamos durante cerca de 1h e fiquei foi impressionado com a distância percorrida e com a duração das rasantes ao chão, a flutuar como uma pena. As árvores à nossa frente não se desviam, mas o calor das chamas eleva-nos em tempo útil de evitar uma colisão não solicitada. Para rematar esta mordomia há ainda um momento único. Uma taça de champanhe, seguida de um pequeno-almoço serviçal e farto numa colina, em plena reserva, com todos aqueles sons e cheiros a rodearem-nos. Giro são também os avisos/pedidos do nosso piloto: "Jamais passem para lá dos jipes, é a nossa linha de segurança." É que pelos vistos aqui, qualquer animal, mesmo o elefante, consegue correr mais que o mais veloz dos humanos.



segunda-feira, 12 de março de 2007

Chegamos!

Chegamos ao Porto ontem, Domingo, dia 11.03.2007, 8h20 locais.
A viagem foi bastante cansativa, já que, por precaução fomos bem cedo para o aeroporto (16h), no Sábado, onde esperamos demoradamente pelo início do voo às 23h15. A viagem Nairobi-Paris foi de noite. Saímos do Quénia com 28ºC e um aeroporto abafado pelo ar-condicionado avariado. Chegamos a Paris Charles-de-Gaule às 5h45 locais com uns gélidos 2ºC. Que frio! Transfer apressado para a nossa ligação ao Porto, num aeroporto congestionadíssimo. Voo tranquilo para o Porto. Chegamos nós. Não chegaram as malas!! Coincidência ou não, estava a contar com isto. O CDG em Paris tem fama e desta vez calhou-nos a nós. Sem problemas, acabaram-nos de entregar as mochilas, já hoje, agora de manhã, lá em casa. Logo à noite verificamos se as meias mal cheirosas vieram todas. À chegada à Europa a primeira sensação que temos é a de asseio. Meu Deus, como vivemos num sítio tão limpo, tão organizado, tão ordenado. E estas estradas? Que perfeição, nem um buraco! Para não falar do parque automóvel, que brilha de tão novo que é. O reconforto da entrada em nossa casa e o relaxamento de um banho demorado nos nossos aposentos, são divinais e muito reconfortantes. Desejado foi também o almoço. Depois de um fino numa esplanada solarenga, beira Douro, com umas cores incríveis, uma grelhada mista de peixe na Casa do Pescador na Afurada, fizeram-nos as delícias destas boas-vindas ao nosso mundo. Hoje é dia de regresso à “cubic life”, começou o trabalho e terminaram as estórias, contadas em directo, das já longínquas latitudes do equador. Segir-se-ão algumas mais, ainda desta viagem, contadas em diferido. Uma das últimas experiências, lá em Maasai Mara foi fantástica...

sexta-feira, 9 de março de 2007

Maasai Mara

2007.03.08, 17h59 (hora portuguesa)
"Estamos às portas de Maasai Mara, no meio do mato, num acampamento. Hoje já vimos elefantes, girafas, zebras e ... leões entre muita mais bicharada! Há guerreiros Maasai por todo o lado a querer vender tudo."

Paulo, via tlm

quarta-feira, 7 de março de 2007

Locomocao Africana


Tudo que seja movimento em qualquer meio de transporte por estes lados e' sinonimo de... emocao. Ja estamos novamente em Nairobi, regressamos hj de manha de Nyeri. Viemos de "matatu", os autocarros locais. Mas chamar autocarro a isto e' puxado. Sao umas Toyota Hiace, que aqui no Quenia transportam entre 10 e 14 pessoas, para alem do condutor. Fazem o servico de transporte de passageiros e respectiva carga, para os mais diversos destinos. Nos ate aqui tinhamo-nos safado com os 'Shuttle', os expresso, se assim se podem chamar tb, que nos levaram e trouzeram 'a/da Tanzania. Pouco confortaveis, mas fiaveis e tailor-made para os destinos de turista. Mas para Nyeri, ficamos espantados que nenhum mzungu vai la. Muitas foram as vezes em que eramos os unicos brancos. Por isso, tinhamos duas hipoteses. Ou de taxi e pagavamos um balurdio ou de 'matatu'. Depois de tirarmos as medidas ao esquema, aqui vamos nos. A viagem de ida foi surpresa. Por +/- 2,5E cada um fizemos 165Km, confortavelmente num dos matatus mais novos que vemos por aqui. O condutor e' que pronto... tipo novo, sangue na guelra e entre gincanas aos milhentos buracos de estrada, travagens apertadissimas em cima das lombas e fintas aos peoes que ha por todo lado, la chegamos nos a desordenada e agitada Nyeri. Hoje de manha era impossivel um matatu tao novo como o anterior. Veiculo com mau aspecto, cheio de amolgadelas, mas voltamos a ficar nos lugares que gostamos, mesmo atras do condutor, aqui do lado direito do carro (conduz-se pela esquerda no Quenia e Tanzania). A Li ficou ao meio esmagada entre mim e um homem molengao, sem expressoes e que lhe pos o braco esquerdo dormente. O condutor, novo tambem, mas muito mais cauteloso, se calhar com receio de partir uma qq suspensao ou entao qui ca, com cuidado com os mzungus que lhe deram um rebucado antes da partida. Sim, que andamos a distribuir barras energeticas (que ja nao as conseguimos ver) e rebucados na paragem do bus. Mas fixe fixe sao ainda os horarios. Os matatus nao tem horario. Saem quando estiverem cheios!!! E' ir, sentar e esperar por mais gente. Mas ate correu bem, das 2 vezes nao esperamos mais q 30min :)
Na Tanzania, nao tivemos coragem, sabem porque? Nos matatus, mais conhedidos la por 'Dala-dala', na Tz nao e' obrigatorio cinto de seguranca. Que e' que esta gente faz? Mete tanta gente quanta consegue nos dala-dala. Resultado, uma Toyota Hiace pode levar ate... 30 pessoas! E' a loucura. Parece um repolho de pessoas, com cabecas a sair por todas as janelas. So nos riamos e claro, nao nos aventuramos a um contacto tao intimo com os locais.

Amanha partimos para outra e a ultima aventura do programa. Safari de 3 dias em Maasai Mara. Mais uma vez nao devemos ter net perto, mas assim que puder dou noticias. Como a data de regresso esta proxima, provavelmente podera ja ser por terras lusas. Ah, estamos de volta no Domingo. Abracos a todos e, venha la' a selva. Sera' que os leoes fazem mto barulho de noite?

terça-feira, 6 de março de 2007

Baden-Powell

O fundador do movimento escutista, Lord Baden-Powell, escolheu o Quenia para viver os ultimos 3 anos da sua vida, depois de por ca ter passado anteriormente. Soube ja por ca, que se fosse vivo, tinha feito 150 anos no passado dia 22 de Fevereiro.
Tendo sido eu e a Li escuteiros desde a nossa infancia, o ideal de BP, como se diz na giria, a vida preenchida que teve e as belas historias de Africa que fomos ouvindo em inumeras actividades e reunioes, deixaram-nos o bichinho e, quica a justificacao desta nossa viagem. Do nosso programa de viagem, tinhamos que aqui passar. Tinhamos que visitar a ultima morada de BP. E e' isso que fizemos esta manha. Estamos (ainda) em Nyeri, uma cidade/aldeia a 165Km de Nairobi, local onde BP repousa. Ficamos admirados com a simplicidade do que remanesce da passagem do lider mundial por ca. Um simples museu, que mais nao e' do que o espaco da casa onde ele viveu mais a mulher, uma sala e o quarto com uma casa de banho enorme. Hoje est'a inserido num luxuoso hotel e e' at'e poss'ivel dormir na mesma cama que o casal Baden-Powell por +/- 75E/noite. O jardim e' muito giro, calmo e claro, hoje em dia com as mordomias de um 5* fantastico. Fomos a pe' e voltamos. De regresso 'a aldeia visitamos o tumulo, onde repousa BP e a esposa Olave, tb ela fundadora do movimento de guias mundial. A todos os escuteiros, principalmente ao Prof. Machado, 'a Irma Rosa, ao Antonio Carvalho, ao Nuno, ao Pedro Carvalho, ao Pedro Machado, aos Ferreira, ao Quim, 'a Lucia... enfim a todo o Agrupamento 857 de Celorico de Basto e ainda ao Agrupamento 588 da Gafanha da Nazare' e aos ex-SCUA, aqui fica o nosso tributo.

Voluntariado

Obrigado novamente a todas as pessoas que nos fizeram chegar roupa e brinquedos para as criancas aqui do Que'nia. Este obrigado ja nao e' o nosso, mas o da "Mama", a responsavel da casa de criancas orfas, a quem entregamos pessoalmente todos os bens que trouxemos e com quem passamos os 2 dias do ultimo fim-de-semana.
Tinhamos planeado uma semana para esta nossa vontade de ajudar, simbolicamente uma instituicao local, chamamos-lhe programa de voluntariado, mas claro que nao o e', por tao modesto que se torna. Confesso que na vespera do nosso primeiro dia, antes de irmos para a instituicao estavamos um pouco apreensivos, do genero, metemo-nos em cada uma... Mais uma vez o medo do desconhecido, a ansiedade do que vira ai, fez-nos pensar. Tinhamos o contacto de uma senhora muito simpatica, que mal ca chegamos nos foi buscar os caixotes de roupa ao aeroporto e nos guardou fielmente ate chegarmos, para sermos nos a entregar. Inicialmente e ainda dai de Portugal, esta senhora, Amina, dos mails que tinhamos trocado, tinha ficado +/- acordado irmos para uma casa de criancas em Eastleigh, nos suburbios de Nairobi. Mas mais uma vez por questoes de seguranca, a Amina, procurou e encontrou uma outra instituicao numa zona bem mais calma e com umas vistas fantasticas sobre a cidade.
Assim, no Sabado de manha, 'a hora marcada, la' estava ela 'a porta do nosso hotel para nos levar (porta a porta) 'a "Fauzia Orphans Childrens Home". Pelo caminho conhecemos a Mae destas craincas que estava a nossa espera numa rotunda. O caminho para a casa e' em terra batida, durante cerca de 10min. Muito buracos, lojas/stands a vender tudo aquilo que um europeu nunca compraria. Espantosamente no meio disto ficam ainda duas fabricas de cosmeticos/perfumes bastante conhecidos por ca' e masmorramente fortificadas por altos muros. Chegamos. O portao abre-se. La dentro, um espaco exterior com baloicos rudimentares um campo de terra, para o futebol e um atrio, onde paramos o carro. As primeiras criancas ja nos olham a medo, com aqueles olhos. A mae da casa, faz-nos as honras e comeca a falar-nos da historia da vida dela que e' praticamente a da instituicao. Estao aqui, neste sitio, so ha' 3 anos, a instituicao tem cerca de 15 anos. Antes estavam mesmo em Nairobi e viam-se aflitos porque nunca tinham sossego. Aqui estamos muito bem, diz ela, temos ar fresco! E' verdade. Damos uns passos e vemos o escritorio, onde dormita um computador muito antigo, uma secretaria e umas estantes com provavelmente os poucos documentos que esta gente toda deve ter. Sao 47 criancas no total, raparigas e rapazes. A mais nova, uma menina de (so) 5 meses e os mais velhos, uns rapazes ja' espigadotes dos seus 18/20 anos digo eu.
A mae faz questao de nos mostrar a casa. Meu Deus, que miseria. Entramos pela cozinha, onde antes vemos 2 grandes paneloes onde esta a ser cozinhado, a lenha, o almoco para dai a umas horas. Na cozinha, 'a Liliana e' posto nos bracos uma das criancas mais nova da casa, uma menina muito gira, be'be' ainda que diz a mae, gosta muito de brancos. E parece que assim e'. A miuda esta descontraidissima e contente por ter um colo. Entramos, vemos os quartos, camaratas. De um lado os rapazes, do outro as raparigas. Ha' ainda o quarto da mae, onde dormem tambem os bebes. Regressamos ao exterior. A mae reune os miudos e pede-lhes para nos mostrarem algo. Ainda muito timidos, as miudas, que os rapazes nao se expoem assim, dancam-nos umas poucas musicas. Pedimos para ajudar, mas a mae faz questao de nos tratar como convidados. O maximo que conseguimos e' brincar com os putos. Aqui o que nao falta e' mao de obra. O que eles mesmo precisam e' de carinho, afecto, atencao. Assim fazemos. Os mais novos sao os mais dados. Ao final de poucos minutos ja estao todos contentes a brincar connosco. Ah, vamos ainda 'a cozinha desenpacotar as nossas/vossas ofertas. Mas que felicidade. A mae diz-nos que trouxemos roupas muito bonitas. Os peluches/brinquedos fazem muito sucesso. Os putos recebem-nos com muita complacencia e alguns vao guarda-los cuidadosamente na arca onde devem ter os seus objectos pessoais. Uma menina do Uganda que aqui esta, recebe cada peca que a mae lhe da, com um Asante Sana (muito obrigado) e uma venia de joelhos!!
Chega a hora do almoco. Mas antes disso e' tempo de oracao. Ritual muculmano, com um professor/catequista que os orienta e le o corao, numa mini-mesquita improvisada numa das mini-salas da casa. Ha o chamemento habitual que tb se ouve nas ruas de Nairobi e todos se reunem na mini-mesquita. Nos permanecemos ca fora com os mais pequenos. Hora de almoco. Este e' um momento particularmente dificil para nos. A comida nao falta, arroz e feijao, mas os miudos pequenos que estao connosco, comem com a mae numa roda, numa bandeja no chao, com as maos (e' normal aqui). Nos tentamos disfarcar, mas as condicoes de higiene desta refeicao deixam muito a desejar... Bom saimos novamente para o jardim e a tarde passa calmamente num jardim solarengo 'a sombra. 'As 4 da tarde temos um dos filho mais velho da mae, que ja nao esta ali, que tem carro, que nos faz o servico de taxi e nos leva de regresso ao hotel. No Sabado 'a noite decidimos ir so' mais um dia, ja' que na 2a as criancas vao para a escola e nos nao conseguimos fazer mais q distrai-los no jardim. O Domingo e' bem mais familiar. O sitio claro e as criancas adoram-nos. Podemos nao ter feito muito, mas acredito que conseguimos um fds diferente para estas criancas. No final, ficaram tristissimas por estarmos a partir e curioso foi ver o puto mais reguila, que tinha aspecto de ser o mauzao do sitio, a choramingar por ver os mzungus (brancos) irem embora.
Ha muito mais a dizer, mas aqui nao consigo. Mas sabem o que mais me impressionou no meio disto tudo? E' que olhamos para estas criancas, olhamos para um jardim de infancia em Portugal e quem e' que chora? Foi isso que mais me impressionou, estas criancas, com todos estes problemas (quase) nao choram!!


Fauzia Orphans Childrens Home
Pumwani, Road Maratib Wa Pumwani
P.O. BOX 13151 NAIROBI, Kenya

domingo, 4 de março de 2007

O reverso da medalha

Este e' o nosso terceiro dia em Nairobi. Tive mesmo que confirmar no calendario que pelo cansaco, parece que j'a ca' estamos ha' 1 mes. Antes de aqui ter chegado, muitas foram as historias que ouvi/li sobre este lugar. Boas ate', mas a maior parte delas bastante alarmistas e menos agradaveis, por isso, ja chegamos aqui com bastante cautela e apreensao. Agora que vi o que vi, tenho uma opiniao, que me diz que ha' nestas cidades duas realidades paralelas, bem mais longinquas do que nas nossas cidades. E' a Nairobi dos hoteis de 5*, dos safaris em luxuosos jipes com ar condicionado, dos restaurantes com a ementa mais semelhante da originaria de cada cliente, dos criados, dos leoes e das paisagens do National Geographic. E ha' depois a Nairobi que nos temos visto, a Nairobi vivida provavelmente por 99% dos Kenianos e digo eu para ai' por 10% dos mzungus (brancos) que aqui veem. A sensacao com que fico/ficamos e' que para nos, estrangeiros, esta cidade e' como que uma central de camionagem, um ponto de passagem, um sitio para aterrar e partir, nao para ficar aqui a passear. Esta cidade nao e' agradavel, bem pelo contrario, e' muito poluida, deve estar no topo do ranking mundial, suja, caotica, impessoal e muito sinistra. Mas o pior de tudo e' aquilo que nao se ve, mas sente-se. E' daquelas coisas que nao damos o devido valor em Portugal, mas que constatamos aqui que vale Ouro. Sabem do que falo, nao sabem, da Seguranca! Nairobi e' uma cidade perigosa. E nos somos malucos? Nao, calma. Tudo se resume sempre ao bom senso e a regras que temos que seguir, tipo nao sairmos 'a noite do hotel sem ser de taxi. De dia, embora sempre mas sempre chateados pelos vendedores de safaris e bugigangas, nao temos qualquer problema, e' que apesar de tudo esta e' tambe'm uma cidade de negocios e os altos edificios dos bancos nao deixam margem de duvidas que aqui ha' muito dinheiro. Depois de termos visto bastante do Nairobi (infelizmente) genuina, ontem fomos experiementar a Nairobi de sonho, de luxo. Fomos jantar a um restaurante fora da cidade. Saimos do hotel, apanhamos um taxi, negociamos o preco total, ida, espera por nos e regresso. Ou seja da porta do hotel 'a porta do restaurante com 2h de espera daquele homem, enquanto jantavamos. Que, pelo que parece ate nos agradece, ja que no parque de estacionamento desse restaurante ha' seguranca apertadissima e eles (taxistas) estao descansadissimos a descansar por ali, enquanto nao voltamos. E que restaurante e' este? Tem como chavao ser um dos 50 melhores do mundo, chama-se Carnivore e nao e' mais do que um rodizio. O espaco e gigantesco, e pelos vistos famoso entre turistas e locais. No meio daquele exagerado repasto, sabem que carne comemos sabem? Asinhas de frango!... Nao, brincadeira, especial especial, foi mesmo a carne grelhada de... crocodilo! Gostamos! Apesar de apenas a trincarmos cautelosamente com os dentes caninos, so' de imaginar o animal que ali nos estava a ser servido. Obrigado tio/tia ;)

sexta-feira, 2 de março de 2007

A "nossa" Montanha


Gostava de vos ter contado tim-tim por tim-tim cada passo daqueles dias passados para la' dos portoes do parque Nacional do Kilimanjaro, mas claro, foi impossivel. Obrigado Joao, pela comunicacao intermedia quando esta foi possivel.

Acabamos de chegar a Nairobi, cidade caotica, que nao nos agrada assim a primeira vista, mas isto tb e' fruto de nao conhecermos (ainda) aqui ninguem e por termos tido uma viagem agitadissima de bus, durante umas 6h empacotados num banco de tras. Tem a vantagem de finalmente termos net como deve ser e, de se conseguir nao gastar 30min apenas so para escrever um mail, o que aconteceu em Arusha. Aproveito entao para partilhar um pouco mais daquilo que passamos montanha.
Para comecar, digo-vos que superou todas as nossas melhores expectativas. Confesso que de inicio duvidava da nossa chegada ao cume, nao por falta de forca, mas antes por reaccao adversa aquelas altitudes extremas. Tenho a certeza que se eu ou a Li tivessemos com sintomas da doenca de altitude na vespera do cume, nao tinhamos hoje esta estoria! A experiencia fica marcada logo pelo esforco e empenho necessario na preparacao/logistica. Alem da que trouxemos de Portugal, repararam que foi precisa uma equipa de 9 pessoas para nos porem aos 2 la em cima quase nos 6000m? Pela rota que escolhemos (Whisky, lembram-se), sao entao precisos (imposicao das autoridades do parque): 1 guia (Arnold), um guia assistente (Yusto), 1 cozinheiro (Maulidi) e 3 carregadores por pessoa (2x3 = 6 carregadores). A economia deste pais vive disto e, como tal, nao temos que fazer quase nada, apenas carregar a mochila do dia, com a racao de combate tambem fornecida num tuperware, tudo direitinho e dieticamente calculado ao pormenor para nunca nos faltar as forcas. A logistica destes homens e' incrivel. E nos ate ficavamos incomodados com tanta papariquice. Do genero, chegavamos ao campo e traziam-nos uma bacia com agua quentinha para nos lavarmos. Logo de seguida serviam-nos o lanche, cha, pipocas, amendoins, uns snacks. Ainda sem termos parado de arrumar/desarrumar o material, preparando-nos para a noite e posicionando tudo para o dia a seguir, ja nos estavam a servir o jantar. Sabe bem nao ter que fazer nada, mas tambem confesso que me senti um bocado animal de jardim zoologico a ser alimentado na jaula. Sim, que com o frio/vento que sempre estava ao final do dia, a "mesa" era-nos posta numa das entradas da tenda sempre com uma vista exuberante e faziamos tudo debaixo das lonas da tenda.
O melhor destes dias foi a conquista! A conquista de forcas, a conquista de momentos, a conquista de objectivos pequenos para a conquista do objectivo final - o cume e depois a descida. Fica ainda uma experiencia extrema de disciplina. Na gestao do esforco/descanso fisico (num dia tivemos mesmo de nos deitar ainda de dia). Disciplina na alimentacao, forcar comer quando podiamos comer, devorar mais e mais do que queriamos, para nao fraquejarmos e... disciplina no consumo de agua, no minimo 3L/dia. Este ultimo, obrigava a uma outra disciplina, a da urina, muito xixi fizemos nos! E com uma vontade, que nem vos digo nada. Segundo os livros, deve-se somar 1,5L urina/dia!!
Foi duro. Foi muito duro. Quem ja esteve na montanha sabe do que falo. Por exemplo, no acampamento em Barafu, a 4600m, praticamente nao conseguimos dormir. Alem do nariz ligeiramente entupido, a respiracao e' sempre ofegante. E arrumar o saco-cama? Jesus, que tarefa faraonica... O WC era a uns escassos 20m da tenda. Ir, fazer as necessidades numa latrina 'a cacador e voltar, chegou-me a demorar 24min (sem jornal para ler). E cheguei cansadissimo... Mas acreditem, so nos riamos com este nosso subito e precoce envelhecimento. Para mim, um dos momentos mais dificeis foi a 2a noite, em Shira. Choveu e esteve vento a noite toda, que dentro da tenda, faz um barulho incrivel. Nao pregamos olho e claro, o 3o dia custou, nao tinhamos descansado nada. Fomos dos 3800 aos 4600 para voltarmos a descer aos 3900 (melhor forma de aclimatizar). Foi aqui que a Li teve os primeiros e felizmente unicos efeitos de altitude. As tais dores de cabeca. Eu tambem as tive. E na pausa de almoco chegou mesmo a vomitar. Depois disso, sentiu-se melhor e a perda de altitude ajudou. O 3o dia que devia ter demorado 6h de caminhada, demorou 8h. Mas la chegamos devagarinho ao acampamento de Barranco. Com uma noite seguinte dormida como uns be'be's, as forcas foram totalmente recuperadas e o dificil foi seguir a regra do "Pole Pole" (devagar devagar). A Li esteve em grandessissima forma. Subimos a "parede de Barranco" num dia marcado por um sol radioso e uma paisagem incrivel e, embora a medo, nao voltamos a ter sintomas incomodos e facilmente passamos pelo acampamento de Karanga e chegamos ao acampamento de Barafu, a pole position para o cume. O dia do cume merece um post, mais tarde... A descida foi logo no dia do cume e num outro dia. Foi por outra rota e, por isso mais rapida. Mesmo assim, parecia-nos interminavel. Destas horas de descida, fica mais outro registo/licao de vida. Por mais dificil que seja o destino final, o que interessa e' a vontade, persistencia e concentracao na tarefa actual, que aqui se resumia a um simples passo apos o outro. Tivemos uma sorte fantastica com os guias. Foram impecaveis em tudo, na motivacao da Liliana e minha, dia ap'os dia, no gestao das nossas emocoes/ansiedades e na atencao aos sinais vitais sempre. Muito profissionais. O cozinheiro era quase uma mae. Trouxe-nos na palma da mao e esteve sempre atento aquilo que fomos comendo e bebendo. Recebemos o diploma da chegada em "Mweka" sem qualquer ferida ou lesao, ou seja, como fomos e voltamos em seguranca dizemos "Fizemos Cume!"


Dias em Arusha

Ola amigos!

Ja' estamos em Nairobi e com a emocao da montanha ainda nem vos dissemos como foram os dias em Arusha, por isso aqui vai: Fica'mos a dormir no Karama Lodge, onde cada quarto e' um ge'nero de cabana. Tudo em palha e madeira, com uma rede mosquiteira 'a volta da cama. Aos pe's da cama uma grande portada da' para uma varanda que por sua vez se abre sobre um grande jardim. Ao fundo, mesmo la longe, nas manhas limpidas, podia-se ver o "nosso" Kilimanjaro. Todos os dias fomos 'a cidade a pe', apesar de ser uma distancia considera'vel (cerca de 30min). esta regra so' foi quebrada no dia apo's o regresso do Kili, como devem compreender :) Na cidade eramos sempre abordados por muitos locais que nao tem outra forma de sobrevivencia alem da venda de artigos aos turistas. As vezes sentiamo-nos pressionados mas eles nunca foram mal educados, bem pelo contra'rio. Queriam saber donde eramos e quando respondiamos "Nimetoka Ureno" ficavam todos loucos e so queriam falar dos jogadores de futebol portugues. Ficamos surpreendidos com a cultura futebolistica deles! O calor e' de tirar do se'rio qquer um. Eu andava sempre a pingar a'gua e a cheirar mal. Eles sao uma paz que so visto. Mtos nao trabalham e deambulam pelas ruas 'a conversa com este e com aquele. Nos percebemos rapidamente que nao podemos andar rapido nem agitados nestas terras. "Hakuna Matata"!
Ontem foi a nossa ultima noite em Arusha :( e fomos convidados para jantar com o nosso novo amigo Yusto (um dos nossos guias). Ficamos mto contentes com o convite e la' fomos, na espectativa. Ele vive num quarto nos arredores de arusha e tem tudo la dentro, cozinha, quarto e sala. So' falta a casa-de-banho q nao fica'mos a saber onde era. O espaco dele deve ter cerca de 10m2... e ele e' uma pessoa tao alegre! Foi-nos buscar no carro da irma, todo satisfeito. Cumprimentamos os vizinhos em Swaili e que simpatia de pessoas! Estavam 4 criancas a brincar no chao de terra a quem alegremente demos um carrinho e uma caneta. Que alegria! Cada um escolheu um carrinho e ficaram a olhar pra nos com aqueles olhos escuros esbugalhados. Depois o Yusto fez uma especie de tortilha pro jantar e ensinou-me (pq ja lhe tinha pedido) a fazer Ugali e Pourage, 2 pratos ti'picos daqui. Adoramos aquele bocadinho, mesmo no meio da cultura africana. Depois de jantar fomos ao clube la da zona onde se misturam mzungus e locais. Ate' por la' havia um massai todo louco a dancar. Havia banda ao vivo e o Yusto, que e' um belo dancarino, la' mostrou os seus dotes :) Um dos musicos, devia estar com calor, decidiu abrir a janela por tra's dele e... catrapuz, a janela caiu la em baixo na jardim. Ahahahahahahahha o que eu e o Paulo nos rimos... mas o Yusto e os outros ficaram na deles, como se nada tivesse acontecido. Que comedia!

quinta-feira, 1 de março de 2007

Thanks to our guides

Jambo Arnold and Yusto!!

Thank you for the great time we had together at Kilimajaro. We really enjoy the experience and you were really great! Your smile, your songs (Jambo, jambo sana, habari gani....), your dancing, the "turrrrbo women", the cultural exchange, the "Halo, Morning Call", everything was simply great! Thanks for your motivations! Our sucess at summit is also a part of you. Thanks for your friendship :) And you really have this friends at Ureno...

PS: I want an helicopter, right now!!

Alma Africana

Amigos!

Vcs q tem acompanhado a nossa aventura: Digo-vos q o meu coracao ja e africano e sera durante mto tempo. A nossa aventura ainda nem esta a meio mas o facto de sairmos da tanzania pro quenia, amanha de manha, ja me parte o coracao. Nao consigo descrever a emocao q sinto de aqui estar. a Vida e linda , mesmo! Estas pessoas sao lindas! Emociono-me a cada passo q dou neste solo abencoado... Tenho a alma cheia...


No Topo d' Africa

Uhuru Peak - 5895m
27/02/2007, 6h33 (GMT +3h)