segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Desacelerar com o Inverno

Este pachorrento verão não quer dar lugar ao outono. São as praias cheias em pleno Outubro, e o contraste insólito das castanhas saboreadas com o prazer do bronze na areia. É estranho de facto. Mas este prolongar do verão, já não desejado, aumenta-me ainda mais a vontade dos dias de inverno. A ternura dos chuvosos dias, onde depressa cai a noite, embalados pelo crepitar vigoroso da lenha seca, dentro da lareira. Que delícia! Tenho saudades. E mais ainda, o desacelerar da actividade frenética do verão, fruto dos diminutos dias e da vontade de ficar por casa, como a formiga, a cuidar da casa, a ver filmes (sem adormecer), beber uns licores aveludados e saborear aquelas castanhas que nos saltam quentes das pontas dos dedos. Tenho saudades. Este verão foi intenso. É agora momento de virar a página e recuperar forças na tranquilidade do outono/inverno, também desejados.
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As últimas duas semanas tiveram 3 momentos dignos de registo. Além da inauguração oficial de mais um lugar de família, desta feita em Miranda do Corvo, 2 outros. O primeiro, há 1 semana, o "Mass Training", isto é, uma acção de formação em grupo sobre SBV, isto é, Suporte Básico de Vida. Muito bem organizado, excelente conteúdo e acima de tudo, o elevar do sentido de cidadania, ganhando-se competências básicas para, quem sabe um dia salvar uma vida. Outro momento da quinzena, foi este Domingo. A participação na Meia-Maratona do Porto. Corridos os 21 097m, sim os 21Km, todos até ao final. Atingi o objectivo, cheguei ao final e ainda baixei 4 minutos o meu tempo da anterior. Todo o percurso em 1h58min. Mas melhores tempos houve: 1h54, 1h47 e 1h38 nossos. A Fernanda Ribeiro demorou 1h14 e o primeiro "só" chegou 48'' antes de mim. Fica mais uma vez o gostinho da conquista e a recordação de uma manhã bem passada com o presente de uma tarde tranquila e muuuuito relaxada.



segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Chamusca, Vindimas e Corpo Humano

Ao documentar momentos da vida com esta nova frequência (2 semanas no máximo), corro este risco, ter ainda mais para descrever no espaço reduto de um post. Mas é um novo desafio, que quero experimentar e, claro, com o tempo extra, dedicar-me mais a outros projectos/objectivos.

E de facto esta última quinzena foi rica em mágicos momentos. Ribatejo para começar. Um fim-de-semana fabuloso proposto e dirigido por uma anfitriã 5 estrelas. Obrigado Inês, mais uma vez, pelo excelente programa e pela extraordinária hospitalidade. Com o quartel general instalado na Chamusca, pequena-grande vila ribatejana, a bordejar o Tejo na margem sul, fizemos de tudo um pouco e nem a ameça de chuvas nos 2 dias nos demoveram. Começou logo no serão de Sexta-Feira. Tivemos o prazer de ficar instalados em casa de um fadista. Mas não de um fadista qualquer. Além de ser o simpatiqíssimo pai da nossa anfitriã, é um reputado e acarinhado fadista ribatejano. João Chora. Serão deliciosamente preenchido (além da comida e vinho ribatejanos) pelas notas e acordes do piano acompanhados pela voz afininadíssima do nosso anfitrião. Uma delícia, uma raridade de tão intimista que foi. Simplesmente adorei e agradeço a magia do momento a ambos, pai e filha, pela ternura das melodias partilhadas. Sábado, oportunidade única para conhecer a Chamusca, vila do Ribatejo. Dia de feira, cinzenta de céu, mas alegre nos passos. O branco das paredes das casas mostra-nos a escadaria, que lá no alto, do mirante da Nossa Senhora do Pranto, nos apresenta o aglomerado da Chamusca, ribeirinho ao Tejo, que aqui é ainda apertado nas margens. A vista vai longe e é bela e diferente. O rio pinta as suas lezíras de côr. Avançando, simulação de touro e tourada no campo de jogos, e reforço de mochilas com um almoço volante abastado preparado pela mãe. Que delícias. De comer e chorar por mais. Um belo pic-nic beira-Tejo. À tarde, mais uns bons momentos e experiência inédita, a experiência de montar a cavalo. Cordoaria de Pinheiro Grande foi a nossa escola. Elegantes e respeitáveis animais todos aqueles cavalos. O nosso era paciente e dócil, um puro Lusitano, mas lá de cima, os comandos das rédeas complicavam-se e só a determinação e ordens firmes nossas transformavam os movimentos de ambos nas nossas vontades. À noite, tinha que ser. Sopa da pedra em Almeirim. Muito boa, e uma carne em espeto de louro, daquelas. Reforço de programa com saída ao bar do momento, ali, também em Almeirim. Domingo, nova descoberta. Na Golegã, visita guiada à Casa-Estúdio de Carlos Relvas, um ícone para amantes da fotografia. Recentemente restaurado, o edifício, só por si, já merece a visita. Depois, passeio descontraído, na margem sul, pela pitoresca vila de Arripiado, a ver o Tejo e "Tancos civil" do lado de lá. A chuva ameaça mas o almoço não é comprometido. À tarde visita ao Castelo de Almourol, ali na ilha. Os bombeiros, fazem-nos a viagem de barco, prestavelmente sem custos. O castelo é fantástico e o cenário em volta também. De registar é também a viagem de regresso. Com uma descarga de água, instantânea apenas durante a viagem, molhando-nos e dando emoção aqueles épicos 20min.

Neste fim-de-semana, programa diferente. Sexta, feriado, dia de recolher à adega, as uvas para o verde vinho deste ano. Dia árduo de campo, ao qual o sol e as poucas nuvens aligeiraram a temperatura e o desconforto das tarefas. Correu bem e levou-se quase a metade a tarefa anual da vindima deste ano. Sábado, casamento de 2 amigos no Botão, não no país, mas numa das freguesia do concelho de Coimbra. Domingo, programa em Lisboa. Além do belo passeio com os amigos e a sempre bem disposta companhia do Davide, amigo Italiano do ERASMUS na Finlândia, espatosa foi a visita à Exposição do Corpo Humano. Já não me lembro de uma exposição assim, onde o interesse do que se vê, se mantém do início ao fim, sem tédio. Uma exposição polémica desde início, não fosse o facto de todos os "espécimens" serem todos eles reais, de pessoas. Não impressionou pela exposição de cadáveres. Impressinou sim, pela espectacularidade e complexidade desta nossa máquina, o nosso corpo. Desde as dimensões e proporções dos músculos, à intricada rede de nervos e ligamentos do sistema central, passando pela robustez do fato que a derme nos envolve. A forma como estão expostos os espécimens e a minúcia do detalhe, por exemplo, na obra de arte da rede de veias, artérias e capilares, não deixa ninguém indiferente. E deve ser mesmo boa a exposição. Esperamos cerca de 20 minutos numa fila, neste Domingo de manhã, para entrar. Aconselho a todos. Repetia caso pudesse.