quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cócegas

Gosto... gosto muito de cócegas. Aquelas que nos disparam uma gargalhada profunda, mas que logo a seguir acalmam, a tempo de voltar a respirar. Aquelas cócegas inocentes que fazemos a alguém, com o único propósito e prazer de ver rir, rir muito, com gargalhadas embrulhadas pelo próprio corpo. Também aquelas cócegas matreiras, que se aproximam da presa como um felino, que disfarçam a intenção e que, chegado o momento certo... Zás! Atacam e detonam uma granada contagiante de riso e energia. Dizem os clínicos que rir faz bem. Liberta hormonas com sinal mais, revigora-nos a amplia-nos a saúde. Faz bem ao sistema imunológico, ao coração, à cabeça, ao stresse, à pressão arterial mas faz bem, sobretudo à alma. As cócegas podem não dar felicidade duradoura, mas com tão pouco conseguimos, por instantes, ficar ou transformar alguém na pessoa mais feliz do mundo. Não entendo a antropologia das cócegas. Porque raio é que o ser humano se desfaz em peças, a rir, com as cócegas? Porque terá a seleção natural evoluído as cócegas? Com que própósito? Proteção rápida e involuntária do corpo? Talvez. O tato, este sentido sentido, com uma rede imensa de sensores que nos cobre a todos e a cada um de nós, em cada milímetro de epiderme consegue, em poucos segundos tomar comando integral do corpo. Uma cócega suave, ao de leve, quase quase sem tocar, eriça os poros da pele e qual ouriço caheiro assustado, uma cócega destas faz "pele de galinha" e apruma a penugem do corpo. Mas curioso ainda são as cócegas que não o chegam a ser. Fechar os olhos e temer uma cócega, dá mais cócegas do que a própria cócega. Incrível e delicioso o jogo e boa disposição que estas cócegas me dão quer a dar quer a receber. Um jogo solidário, onde quem dá recebe risos e quem recebe entrega energia e boa disposição! Grátis e automaticamente. Por isto tudo gosto... gosto muito de cócegas!


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