quinta-feira, 28 de maio de 2015

Preto e branco

Uma linguagem binária de expressão minimalista. O preto ou o branco. Só. Não há lugar para meios tons, outras nuances, ou tonalidades. Dois borrões de tinta. Um preto carvão ou um branco neve. Uma redução do espetro visível à simplicidade dos extremos. O branco, a expressão máxima da luz, o preto, a sua ausência. Em modo RGB, os códigos 255-255-255 o branco ou 0-0-0 o preto. Mas a expressão preto e branco é muito mais que isso. Traz-nos imediatamente à memória o purismo da imagem. A memória refrescada dos primeiros registos foto-gráficos. Esses disparos em câmara escura duma pin-hole ou as imagens repletas de grão nas TV's aquários dos nossos queridos anos 70. Descobri que Portugal pintou a televisão a cores só em 1980. Júlio Isidro foi o primeiro apresentador com tez colorida na TV. Apresentador do festival da canção, na eliminatória portuguesa, a partir do teatro S. Luiz. Preto e branco. Uma expressão que por si só nos remete para a fotografia. Fotografia a preto e branco. Uma mania dos puristas, uma nostalgia do passado, ou uma extravagância do olhar? Um encanto intemporal da essência da imagem. Um foco no detalhe dos contornos, na expressão do contraste, na maestria da luz. Nos retratos mergulha-se na alma, na essência do ser humano. O desgaste da pele de um velho, a placidez do rosto de uma criança sublinham-se com um retrato a P&B. Capturo sempre a cores, mas há um um gozo renovado em cada reconversão. A preto e branco o mundo ganha cor. A cor da imaginação.



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